A primeira vez que li este livro foi em 1992 e terminei agora minha segunda leitura.
Da primeira vez não percebi o que Asimov estava realmente querendo dizer. Eu via apenas uma história policial em um mundo fantástico criado por este gênio, tendo como base as leis da robótica, mas hoje vejo que o conteúdo é muito... muito mais que isto.
Deixando de lado a trama principal da investigação de um assassinato percebemos algo interessante nesta sociedade terrestre do futuro onde a humanidade vive em cidades redomas e as pessoas não tem contato direto com a atmosfera. A simples idéia de uma exposição ao ar livre se transforma em uma fobia. Nesta época, além da Terra, há outros 50 planetas que foram colonizados séculos antes pelos terráqueos. Agora o povo da terra sente ódio dos espaciais (habitantes dos 50 mundos), talvez por inveja de seus mundos melhores ou pela ingratidão dos mesmos em não permite mais a imigração dos terrestres. Os espaciais por sua vez sentem nojo e repulsa pelo povo da Terra, tendo o argumento que estes são cheios de doenças e podem contaminar seus mundos, o que é verdade pois eles perderam a imunidade às doenças terrestres a muito tempo. Mas sua repulsa vem de sua superioridade, menosprezando os mais fracos e esquecendo suas origens.
Na época em que Asimov escreveu este livro (1957) a população mundial era de aproximadamente 2,5 bilhões. Na história de "Caça aos Robos", muitos séculos a frente de nosso tempo, Asimov estimava a população mundial em 8 bilhões. Atualmente somos 6,5 bilhões e os 8 bilhões imaginados por Asimov estimasse que será alcançado em 2025. Acho que estamos bem adiantados.
Com este breve panorama deste mundo Asimoviano tento traçar uma correlação com nossa sociedade atualmente. Será que vivemos em Cavernas de Aço como o título original em inglês sugestiona? É claro que não mas infelizmente vivemos em Cavernas Virtuais e possuímos um preconceito como o dos espaciais.
É com uma certa frequência que ouço muitas pessoas compartilharem com certo orgulho a quantidade de amigos que possuem no orkut, facebook e afins. Se gabam que conseguem "falar" com "tantas" pessoas ao mesmo tempo no MSN. Não estou aqui dizendo que estas ferramentas não são úteis, pelo contrário, as utilizo de forma a aumentar meu desempenho em algumas atividades. O que quero dizer é que as pessoas estão se isolando fisicamente com a falsa auto justificação que neste mundo globalizado precisamos ter contatos pelo mundo afora. Concordo, mas desde que isto não o isole. As redomas virtuais estão se tornando cavernas virtuais, onde a fobia pelo contato social começa a aumentar em proporções .
Nestes 4 dias de carnaval os jovens da minha Igreja foram acampar. Na terça-feira quando fui buscar minha filha e ao ver as sorridentes e cansadas jovens descerem do ônibus uma moça amiga minha responde a minha pergunta de como foi o acampamento desta forma: "Foi uma experiência interessante ficar 4 dias sem internet." Eu espera qualquer resposta, menos esta.
E para terminar, e tratando apenas de uma faceta, vejo o preconceito tecnológico. Quantos mega pixels tem sua máquina? Qual a geração do seu celular? Qual a velocidade da sua banda larga? Qual seu processador? De quanto é seu HD? Só isto... o meu é bem melhor...